DR.
RUSSEL NORMAN CHAMPLIN
Autor da consagrada Obra: “Novo
Testamento comentado versículo por versículo”, editora Arghos, 2002. Esta obra literária exerceu grande influência
na minha concepção sobre o véu. Somente 10 anos após batizar-me é que aceitei a
doutrina do véu, pois pertencia a uma denominação evangélica que não adotava o
véu como normativa cristã para as mulheres. Este erudito cristão não é um
palpiteiro das redes sociais, metido a intelectual como somos acostumados a ver
na internet. Seu comentário bíblico equivale a um livro de 20.000 (vinte mil
páginas), ou seja, é uma pessoa que se aplicou muito no estudo da Bíblia, não é
leigo nem moleque. Champlin mostra que do capítulo 11 ao 14, o apóstolo Paulo
trata da ordem no culto:
V.
Regulamentação da Adoração Cristã (I Cor. 11:2- 14:40). 1. O véu das mulheres
(11:2-16).
11:2: Ora, eu vos louvo, porque em tudo
vos lembrais de mim, o guardais os preceitos assim como vo-los entreguei.
NÃO USA O VÉU POR ERUDIÇÃO SUPERFICIAL
Champlin diz: “Paulo não aprovava as
mulheres que não usassem o véu em determinadas ocasiões. muitas mulheres dali
procuravam imitar as sacerdotisas pagãs em seus oráculos selvagens, que
profetizavam com cabeça descoberta, [...] Por exemplo, virtualmente nenhuma
denominação realmente requer que as mulheres usem o véu, um verdadeiro véu,
aceitável para o apóstolo Paulo. O texto perante nós requer peremptoriamente o
uso do véu, e toda qualquer outra interpretação é forçada, mal informada,
resultante de uma erudição superficial ou mesmo desonesta. No entanto, «onde
está o véu das mulheres!» De fato, é muito difícil encontrar essa prática em
qualquer igreja evangélica moderna.”
CHAPÉUS NÃO SUBSITUEM O VÉU
Champlin discorda dos pequenos chapéus
para substituir o véu: “Às vezes vemos pequenos chapéus ou panos de cabeça usados
pelas mulheres crentes. Ora, isso não teria agradado e nem satisfeito ao
apóstolo dos gentios. Ele recomendou e ordenou o uso do antigo véu oriental,
que tinha o propósito de «cobrir» os cabelos, fazendo-os desaparecer da vista.
Um chapeuzinho ou um pano de cabeça não é um véu.”
QUEM CRÊ NA BÍBLIA ESTÁ OBRIGADO A USAR
O VÉU
Champlin apresenta a questão do véu como
uma ordenança para os que creem que toda a Bíblia deve ser obedecida: “É
extremamente desonesto dizermos que Paulo não requeria de fato o uso do véu, pois
é fato indubitável que ele fazia tal exigência. Se alguém crê que as Escrituras
Sagradas inteiras, bem à parte da questão dos costumes e do pano de fundo
histórico e das convenções sociais, devem ser cumpridas, então esse alguém está
absolutamente obrigado a aceitar que às mulheres crentes é ordenado não somente
que usem o véu quando «oram ou profetizam», mas também que usem os cabelos
longos. Tal véu deve ser autêntico, e não apenas um simulacro. Esse véu deve
cobrir realmente os cabelos. Os substitutos modernos jamais teriam sido aceitos
pelo apóstolo dos gentios, visto que não podem cumprir o propósito pelo qual
foi exigido o véu para as mulheres. O véu era uma parte importante dos costumes
sociais antigos, não sendo observado somente no seio da primitiva igreja
cristã, havendo outras razões para seu uso que não mais existem.”
Muitos
católicos sinceros se queixam do recuo da Igreja Católica na exigência do uso
do véu durante o culto, agora quem fica constrangido é quem quer usar e acaba
sendo observado com olhares de reprovação.
RECONHECENDO AS AUTORIDADES
11:3:
Quero, porém, que saibais que Cristo é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça
da mulher, e Deus a cabeça de Cristo.
Champlin considera que o erro maior da
igreja de Corinto era não entender o princípio divino de autoridades: “Se por
um lado os crentes coríntios exageravam a autoridade de seus heróis, de acordo
com os quais criavam divisões denominacionais, por outro lado não percebiam a
desordem reinante na congregação de Corinto no tocante às mulheres, o que se
devia à sua ignorância quanto à hierarquia de autoridades. Existe certa ordem decrescente de autoridade:
cada ser tem o seu «cabeça». O cabeça, como diretor do corpo, representa a
autoridade. Assim, de todas as famílias do céu e da terra, Deus é o cabeça. O
Pai é o cabeça até mesmo de Cristo, e não somente na missão terrena deste, mas
também dentro da própria Trindade o Pai é o cabeça e o Filho lhe é subordinado.
3. O Filho estabeleceu o exemplo. Seu Cabeça é o Pai, e é em obediência ao Pai
que ele cumpriu e está cumprindo a sua missão (ver João 8:29). 4. Os filhos de
Deus estão todos sujeitos a Cristo como o Cabeça, pois ele é o alvo de toda a
sua existência, além de ser o poder que pode fazer deles seres participantes de
sua própria natureza divina (ver Rom. 8:29). Portanto, o cabeça do homem é
Cristo. O homem não é independente, mas dependente, porquanto nem ao menos é o
senhor de seu próprio destino. A própria salvação consiste de crescermos em
Cristo como o cabeça, em que contamos com ele como o cabeça de tudo. (Ver
Efésios 1:10, 23). 5. A mulher não é espiritualmente inferior ao homem, mas
está subordinada a ele nesta esfera terrena, especificamente a seu próprio
marido. Não pode cumprir seu papel no seio da igreja, imitando as frenéticas
sacerdotisas descabeladas e sem véu dos pagãos. Portanto, que ela faça certas
coisas: que traga os cabelos longos, como lhe é natural (símbolo da autoridade
de seu marido sobre ela), e que use um véu sobre a cabeça, em determinadas
ocasiões, o que também lhe serve de símbolo de sua sujeição. Os pontos fortes e
os pontos fracos da natureza feminina: Por igual modo, a mulher, embora da
mesma natureza que o homem, e embora tendo o mesmo destino, está em posição de
sujeição a ele. Até mesmo quando duas pessoas vão montadas em um cavalo, uma
delas vai na frente e a outra atrás. Assim também o homem ocupa um primeiro
lugar, tanto em sua casa como na casa de Deus. Naturalmente, isso tem dado
margem a muitos abusos.”
RELAÇÃO DEUS-CRISTO E HOMEM-MULHER
Champlin faz uma comparação da relação
entre Deus e Cristo e o homem e a mulher. Explanando o pensamento de Paulo, ele
mostra que o homem não é superior em natureza a mulher, mas em hierarquia de
comando, sendo o véu a simbologia desta relação espiritual: “O princípio da
igualdade feminina com o homem não quer dizer que ela possa agir como bem
entenda, tal como também não significa que o homem possa agir a seu talante. Há
uma ordem divina a ser seguida. 2. Mas o princípio de igualdade entre os sexos
significa que o homem também tem suas próprias responsabilidades. Não pode
fazer da mulher uma escrava. O marido precisa reconhecer a elevada dignidade de
sua esposa como uma pessoa, tratando-a com respeito e consideração. No lar, o
marido deveria estabelecer uma democracia, ao máximo em que isso possa ser
praticado, sem perder a sua liderança. Qual A Posição Do Filho Em Relação Ao
Pai? 1. Este versículo era usado pelos arianos (e continua sendo usado por
certos), na tentativa de demonstrar a inferioridade do Filho em relação ao Pai;
pois, para esses, o versículo parece indicar um tempo em que o Filho foi
criado, e que sua divindade é secundária, tendo-lhe sido «outorgada», ao invés
de ser algo inerente à sua pessoa eterna. Outros versículos que parecem dar a
entender a posição secundária do Filho, são I Cor. 3:23; Efé. 1:23; 4:15; 5:23
e Col. 1:18. O que Paulo queria que entendêssemos é que aquilo que ele dizia
aqui expressa um «princípio geral», com muitas implicações, incluindo a posição
e a função das mulheres crentes no seio da igreja, o que havia sido violado
pelos coríntios, cujas mulheres viviam exageradamente emancipadas. «Visto que a
cabeça pertence à mesma essência que o corpo, e que Deus é o cabeça do Filho,
então o Filho deve ser da mesma essência do Pai». (Crisóstomo). «A mulher é da
mesma essência que o homem, não tendo sido criada por ele; assim também o Filho
não foi criado pelo Pai, mas é da mesma essência que o Pai». (Teodoreto).
Certas ideias dos hebreus, acerca da dependência e inferioridade naturais da
mulher, em relação ao homem, se derivam da declaração original do trecho de Gên.
3:16.”
AO HOMEM É PROIBIDO COBRIR A CABEÇA
11:4:
Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a sua cabeça.
Champlin mostra que a despeito do
judaísmo moderno adotar uma cobertura para a cabeça dos homens, o cristianismo
não admite uso de qualquer cobertura na cabeça do homem quando oram:
“Para aqueles que visitam um a sinagoga
ortodoxa hoje em dia, ao adentrarem na sinagoga, colocam um pequeno gorro sobre
a cabeça, embora nunca um véu, pelo menos quando se dedicam à oração. Não
obstante, esse costume entre os judeus só teve início em cerca do século IV
D.C. Originalmente, cobrir a cabeça era sinal de tristeza, e não somente de
adoração reverente. (Ver Strack and Billerbeck, Kommentarzum N .T., III, págs.
423-426). Esta tradição penetrou nas Escrituras através de suas epístolas, e os
crentes o tem aceitado como um mandamento de Deus, e com toda a razão. Naturalmente, no
caso dos homens, na igreja coríntia nunca houve qualquer problema sobre esse
particular. Nenhum homem andaria coberto de véu, pois as mulheres é que se
cobrem de véu, e não os homens. Mas Paulo mencionou essa particularidade a fim
de melhor equilibrar o seu argumento. Foi um preceito inteiramente tomado por
empréstimo do judaísmo, devendo ser compreendido em seu fundo cultural e
histórico. Naturalmente, Paulo
pensava ser isso um mandamento «divino», porquanto era assim que ele estava
acostumado a fazer. Não antecipou o apóstolo uma total modificação nos
costumes sociais a respeito. Em caso contrário, é possível que tivesse escrito
de maneira diferente. Está aqui em vista o ensinamento público em geral, e não
apenas o exercício do dom da profecia. Esse dom envolvia mais do que o ensino
oral na igreja. «...desonra...» Isso em face do fato que cobrir a cabeça era
símbolo de sujeição a algum poder «visível». Espiritualmente falando, e de
acordo com a ordem divina das coisas, o homem não está sujeito a qualquer poder
dessa ordem. Portanto, cobrir a cabeça seria, para o homem, uma degradação,
desonrando a «...sua própria cabeça...» Cristo não é diretamente aludido aqui,
ainda que se um homem que pertence a Cristo, desonra a si mesmo, também desonra
secundariamente a Cristo, visto que terá perturbado a ordem divina sobre essa
questão. Alguns estudiosos opinam que se assim agisse, o homem poderia dar a
entender que tinha outro cabeça, além de Cristo. Ora, isso seria um insulto
contra o senhorio de Cristo. No entanto, entre os judeus de séculos
posteriores, quando um homem entrava na sinagoga, recebia o «tallith», um xale
de quatro pontas, para ser posto sobre a cabeça. Os romanos, antes mesmo do
aparecimento do «tallith» judaico, já costumavam entrar em seus templos de cabeça
coberta, incluindo tanto as mulheres como os homens. (Ver Virgílio, Eneida,
iii.545, sobre esse fato). Os gregos, entretanto, tradicionalmente sempre
oravam e adoravam de cabeça descoberta. E o sétimo versículo deste capítulo
acrescenta certa razão para o homem orar de cabeça descoberta: o homem é a
imagem de Deus à face da terra. E essa imagem não deve ser encapuçada.”
O DOGMA DO VÉU NA MULHER
11:5:
Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta desonra a sua
cabeça, porque é a mesma coisa como se estivesse rapada.
Champlin não perdoa aqueles que querem
dar outro sentido ao texto paulino, chega a chamar de INTERPRETAÇÃO SUICIDA
aquela que pregam contra o uso do véu: “Encontramos aqui as instruções paulinas
sobre o véu das mulheres. Os versículos
cinco, seis, nove, dez, doze, treze e quinze ensinam, mui dogmaticamente, que a
mulher deve usar o véu quando ora ou profetiza. Que assim deve ser está
de acordo com o princípio geral exarado no terceiro versículo deste capítulo, e
que Paulo considerava estar sendo violado pelos crentes de Corinto. É ua interpretação suicida, portanto,
fazer os versículos quinze e dezesseis contradizer o ensino geral desta
passagem, supondo que os cabelos das mulheres (se forem longos, conforme o
texto requer) lhes foram dados em lugar ou em substituição ao véu, tornando
desnecessário o uso do véu, conforme alguns estudiosos têm interpretado o
décimo quinto versículo. Igualmente incoerente e contrário ao texto
inteiro é aquela interpretação que supõe que, no décimo sexto versículo, Paulo
diz que se algum homem desejar levantar objeção acerca dessa questão, Paulo
estava disposto a esquecer-se do assunto inteiro, permitindo que as mulheres
fizessem como bem lhes entendessem. Não é isso que o décimo sexto versículo ensina.
Interpretações Antigas E Modernas 1. O
próprio texto é claríssimo. A mulher deve usar um véu e também trazer os
cabelos longos. Nenhuma outra interpretação é possível.”
Em
muitas denominações cristãs antigas as mulheres que pertencem as Ordens Religiosas
usam véu em público.
IGREJA MODERNA X IGREJA PRIMITIVA
Champlin admite que a igreja moderna é
mundana e prefere seguir os costumes do mundo (sociais) em vez de obedecer a
ordem bíblica. Chega a dizer que os líderes atuais não têm nem mesmo a intenção
de seguir a verdade da Palavra:
“A
igreja cristã, por conseguinte, adaptando-se aos modernos costumes sociais, tem
ignorado essas instruções de Paulo. Ou então, ao invés de ignorá-las, tem
preferido distorcê-las, adaptando-as aos nossos costumes atuais. Mas isso é
anacrônico e absurdo. Parece impossível, para certos homens religiosos,
simplesmente admitirem que não estamos seguindo (e nem temos a intenção de
seguir) certos mandamentos de Paulo, quando estes se
derivam de costumes antigos e não são mais válidos em nossa sociedade. Pois
pensam que, de alguma maneira, estão seguindo todas as instruções dadas por
Paulo, e por isso distorcem trechos bíblicos como aqueles que proíbem, de modo
absoluto, que as mulheres falem na igreja, ou que requerem que as mulheres
tragam os cabelos longos e usem véus. Mas que Paulo realmente determinou essas
três coisas é bem patente neste capítulo e no décimo quarto capítulo de I
Coríntios. E que ele só pode ter querido que esses preceitos fossem observados
é algo exigido pelo conhecimento que temos dos antigos costumes e atitudes dos
hebreus. Além disso, a história da igreja primitiva mostra-nos que essas coisas
eram praticadas estritamente nos primeiros séculos, exceto nos centros cosmopolitas
e pagãos, como Corinto. É impossível
tornar compatíveis os costumes da igreja do século XX, no que diz respeito às
mulheres e ao que podem fazer na igreja, com os costumes do primeiro século da
era cristã. A tentativa é absurda, e as interpretações dadas por aqueles que
não seguem à risca esses preceitos são desonestas ou baseadas na falta de
conhecimento próprio.”
PROVAS ARQUEOLÓGICAS A FAVOR DO VÉU
Ao longo deste livro mostro várias
gravuras existentes nas catacumbas de Roma que revelam como as mulheres cristãs
cobriam a cabeça com véu nos cultos; um capítulo inteiro aborda esta prova
testemunhal, e finalmente neste capítulo sobre Champlin, o mesmo também cita o
argumento das catacumbas para corroborar a universalidade do uso do véu na
igreja primitiva:
“Não
estamos praticando o que Paulo determinou. Que fazemos, então, para
justificar-nos? Dizemos: «Os costumes se alteraram, e as exigências também».
Essa é uma resposta honesta. Que cada qual refute ou justifique essa resposta.
Aqueles que a refutarem, terão necessidade de pôr em prática o que o apóstolo
determinou. Aqueles que a
justificarem, terão de satisfazer a própria consciência, diante da
determinação da Palavra de Deus. Nas catacumbas, nos desenhos que representam
os cultos públicos dos cristãos primitivos, as mulheres são vistas a usar xales
apertados em torno da cabeça, que ocultavam completamente os seus cabelos. O
propósito do véu era o de ocultar os cabelos. Por conseguinte, os modernos
substitutos, como os chapeuzinhos ou os lenços de cabeça dificilmente satisfazem
as exigências do texto que ora comentamos.”
8 RAZÕES PARA USAR O VÉU
Champlin ao analisar o texto áureo sobre
o véu detecta oito argumentos dado por Paulo para que as mulheres usem o véu
quando oram e profetizam. São quase todas razões de cunho transcendental e
transcultural, e que portanto, devem ser mantido pela igreja em todos os tempos
e lugares:
“Quais são as razões específicas para o
uso do véu? Abaixo enumeramos as razões bíblicas: 1. A fim de manter a ordem divina sobre as posições que homens
e mulheres devem ocupar. A mulher usa o véu a fim de mostrar que está
subordinada ao homem. (Ver o terceiro versículo). 2. Não usar o véu é desonrar essa ordem de coisas, bem como
à própria mulher, que é assim reduzida à posição de uma prostituta; e isso
desonra a sua própria «cabeça», a sua própria pessoa, além de desonrar, em
segundo lugar, o homem que é sua cabeça. (Ver o quinto versículo). 3. Paulo diz que se a mulher não se
cobre com véu, então que também rape os cabelos, a exemplo dos homens.
Duas palavras diferentes são usadas pelo apóstolo Paulo para indicar o corte
dos cabelos, neste texto. Uma delas indica «rapar com navalha» (nos versículos
quinto e sexto), e a outra indica «cortar com tesoura» (no sexto versículo).
Esse corte dos cabelos era o sinal social da escravatura, ou talvez de uma
mulher de luto. Paulo assim diz que a «emancipação» que algum as mulheres
buscavam, querendo desfazer-se do véu ou querendo cortar os cabelos (o que
também era um dos costumes das prostitutas), na realidade era uma degradação,
levando as mulheres a regredirem em sua dignidade, não uma emancipação. 4. A mulher é a glória do homem,
porquanto «vem dele» e é «para ele» (ver os versículos sétimo a nono), pelo que
também não pode ser emancipada a ponto de ser igual a ele. O véu serve de
símbolo dessa posição subordinada, pelo que também deve ser usado pelas
mulheres crentes. (Ver os mesmos versículos). 5. Os anjos observam os cultos de adoração dos crentes,
sendo eles os guardiães da ordem divina. Assim, por causa deles, a mulher
deveria mostrar o devido respeito por eles, usando o véu. (Ver o décimo
versículo). 6. É «decente» ou
apropriado para as mulheres usarem o véu, segundo igualmente ditavam os
costumes sociais da época. (Ver o décimo terceiro versículo). 7. A própria natureza confirma
quão próprio é as mulheres usarem véu, tendo dado às mulheres cabelos longos; e
isso não em lugar do véu, e, sim, como uma coberta ou mantilha natural, - que
é, ao mesmo tempo, uma espécie de véu natural e primário. O véu de pano
secundário corresponde ao véu primário dos cabelos, o que serve para
mostrar-nos que a própria natureza ensina às mulheres que elas devem colocar o
véu. Sim, a própria natureza pôs certo véu sobre a mulher. A igreja cristã
deveria aprender essa lição, requerendo que as suas mulheres usem o véu de
pano. A vontade das mulheres crentes deveria concordar com a vontade expressa
pela própria natureza. 8 . No entanto, se os crentes de Corinto quisessem
mostrar-se contenciosos, que soubessem que a
igreja em geral não tem nenhum outro costume além desse, isto é, não
adotaria qualquer inovação, derivada de Corinto. Não seguiriam os crentes em
geral tais costumes locais de Corinto, como se os mesmos fizessem parte
integrante da «liberdade cristã» (ver o décimo sexto versículo).”
EMANCIPAÇÃO FEMINISTA REPELIDA POR PAULO
A igreja de Corinto estava inserida em
um ambiente mais liberal e relação as demais culturas do Oriente Médio e mesmo
da Europa, por isso a influência do movimento feminista era mais evidente nesta
cidade, o que acabou se introduzindo dentro da igreja local. Mas Paulo, visando
manter os bons costumes, tratou de mandar uma carta a igreja de Corinto com
várias repreensões sobre os hábitos mundanos que estavam sendo inseridos dentro
da igreja. Os cristãos se Corinto estava se levando pela cultura anticristã com
os modismos e a luta pela emancipação feminina:
“«...desonra a sua própria cabeça...» A
cabeça da mulher está aqui em foco, e não o seu cabeça, que é seu marido,
embora este último também esteja secundariamente em foco. A mulher crente
tão-somente se degrada quando não observa a ordem divina de coisas, ao repelir
autoridades devidamente constituídas por Deus, ao procurar uma emancipação que
não lhe cabe, ao desconsiderar o que é apropriado para a igreja. Outrossim, a
«desonra» praticada contra o sexo dominante, mediante a sua rebeldia, recai
sobre a mulher. É bem provável que esse opróbrio inclua o fato de que as
mulheres tradicionalmente são mais atrativas ao sexo oposto se tiverem os cabelos
longos. Isso atrai a atenção dos homens. Uma mulher sem véu, em lugares
públicos, por conseguinte, era considerado um motivo de atração sexual; e isso
envolvia a mulher em uma conduta imprópria, no que concerne ao respeito que a
mulher deve a seu marido. «...é como se a tivesse rapada...» A mulher que não
usasse véu nos cultos públicos da igreja primitiva agia como se tivesse rapado
a cabeça, porquanto tinha removido um véu necessário, tal como os cabelos
longos são uma mantilha necessária para ela. Remover um equivale a remover o
outro. Ora, a cabeça rapada era algo repugnante para os judeus, porque as
adúlteras sempre tinham a cabeça rapada, como castigo e sinal de seu crime.
(Ver Núm. 5:18). As mulheres escravizadas também tinham seus cabelos rapados; e
as mulheres em luto às vezes faziam outro tanto; mas isso não era normal para
as mulheres que estavam em seu estado natural e livre. Isaías utilizou a figura
do corte dos cabelos para dar a entender a destruição do povo inteiro de Israel
por meio de uma divina retribuição. (Ver Isa. 7:20). Entre os povos germânicos
antigos, de acordo com o historiador romano Tácito (ver Germ. 19), as mulheres
adúlteras eram expulsas da casa de seus maridos com a cabeça rapada. E o código
de Justiniano também prescrevia tal punição para as mulheres adúlteras. Alguns
cultos gregos ofereciam à mulher um alto grau de emancipação, nos quais as
mulheres não usavam véu algum, porque, quanto a esse respeito, as mulheres eram
iguais aos homens. É possível que, em algumas congregações cristãs locais esses
cultos pagãos fossem especificamente imitados, em que mulheres crentes julgavam
ser um sinal de emancipação, de seu direito como cristãs, não usarem véu algum.
Porém, mesmo que nessa hipótese haja algum elemento de verdade, o que sucede
até mesmo na igreja e nos costumes sociais de nossa própria época, como uma
conduta decente para as mulheres, era avançado por demais para os dias de
Paulo, em um contexto grego ou judaico. As mulheres gregas raramente apareciam
em público, mas viviam em reclusão essencial. As mulheres solteiras não
abandonavam as suas habitações exceto em ocasiões especiais, como nos festivais
e nos cortejos. E até mesmo depois de contraírem matrimônio era-lhes permitido
bem pouca liberdade para se misturarem com outras pessoas. Suas companhias
constantes eram os escravos e as crianças. Certos lugares eram vedados à sua
visita. A cobertura de cabeça, entre os gregos, consistia de redes ou de
lenços, que usualmente cobriam a cabeça toda, ou então de um xale que geralmente
envolvia tanto o corpo como a cabeça. Com base em tais costumes é que vemos por
que Paulo insistia sobre o uso do véu, e por qual razão somente essa
interpretação—que diz que as mulheres do cristianismo primitivo usavam
realmente o véu sobre os cabelos longos—é que satisfaz as exigências do texto.”
FUDAMENTALISTA BÍBLICO USA O VÉU
Champlin não vê outra alternativa para
os crentes que aceitam a Bíblia como regra de fé, o uso do véu é obrigatório:
“O
problema no contexto contemporâneo: Porventura essa prática não deveria ser
seguida hoje em dia? É óbvio que essa
prática não é seguida entre nós, hoje em dia, na grande maioria das
denominações evangélicas, e isso nem nos cultos e nem em público. Contudo, se
realmente o véu não precisa mais ser usado pelas mulheres crentes, não pode ser
em razão de qualquer «interpretação» deste texto. Se sentimos que a totalidade
das Escrituras, a despeito das modificações sociais, devem ser seguidas à
risca, então o uso do véu é algo absolutamente obrigatório, pelo menos nos
cultos.”
VÉU NATURAL E VÉU SIMBÓLICO
Champlin mostra que os dois véus eram
necessários, o véu natural (cabelo) e o véu simbólico (mantilha):
11:6:
Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também; se, porém, para
a mulher é vergonhoso ser tosquiada ou rapada, cubra-se com véu.
“A mulher decorosa dos tempos antigos
usava duas modalidades de véu. O primeiro, que era natural, consistia de seus
cabelos longos, de sua beleza e glória. (Ver o décimo quinto versículo). Esse
véu, que a versão portuguesa que serve de base textual deste comentário
distingue do outro, mediante o uso da palavra «mantilha» (no grego,
«peribolaios») (ver o décimo quinto versículo), foi dado à mulher pela própria
natureza. Para complementar esse véu natural, cumpre à mulher crente usar outro
véu. Ambas as coisas, juntamente, eram símbolo de sua posição na sociedade, de
sua sujeição ao homem, de sua posição na hierarquia divina de poderes e
posições. «...tosquiar-se ou rapar-se... Está aqui em foco aparar rente os
cabelos com um a tesoura, ou então rapar inteiramente os cabelos com uma
navalha. Porém, tanto uma como outra coisa eram reputadas como uma desgraça,
pelas várias razões expostas nas notas referentes aos versículos quinto e
décimo quinto. «Se uma mulher se recusar usar o véu, que ela, coerentemente, se
faça masculina, cortando bem baixo os seus cabelos;”
Louis
Francescon, fundador da Congregação Cristã no Brasil, em cem anos de atuação no
Brasil, instalou-se 20 mil igrejas (casas de oração), maior denominação que usa
véu no Brasil.
VÉU SÍMBOLO DE SUBMISSÃO
Champlin segue desenvolvendo o texto do
apóstolo Paulo, esmiuçado cada palavra para o melhor entendimento:
“11:7: Pois o homem, na verdade, não
deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e gloria de Deus; mas a mulher é a
glória do homem. O homem, ao cobrir a cabeça, elimina simbolicamente a sua
elevada posição como imagem e glória de Deus. (Quanto ao «homem como imagem de
Deus», segundo o pensamento dos hebreus, ver Gên. 1:27; quanto à doutrina
cristã paralela a isso, isto é, o homem «transformado segundo a imagem de
Cristo», o que lhe permite participar da natureza divina, ver Rom. 8:29 e II
Ped. 1:4). Visto que o homem possui a glória e a imagem de Deus, ele é o seu
vice-regente à face da terra; é o verdadeiro rei da terra. A mulher, por outro
lado, que fica no lar, a cuidar das questões domésticas e a criar os filhos, é,
por assim dizer, a representante do homem, da glória do homem, se ela é
realmente uma mulher piedosa e boa. À mulher é dado o direito e a autoridade
para criar corretamente os filhos, no lar, tal como ao homem foi dada por Deus,
sobre a terra, autoridade e poder. E isso concorda com os primeiros capítulos
do livro de Gênesis, bem como com a interpretação rabínica comum a respeito dos
mesmos. Ora, não tendo poder «visível» ao qual deva estar sujeito, o homem não
precisa usar qualquer «sinal» de sujeição, como é o caso da mulher, que deve
usar o véu. E esta deve assim fazer para mostrar sua sujeição a um poder
«visível», o homem, e, mais particularmente ainda, o seu próprio marido.”
Com véu, mas já com
ares mundano.
PENSAMENTO MODERNO X TEXTO BÍBLICO
Champlin não concorda com o uso do véu
por considera-lo obsoleto e ultrapassado, mas reconhece que o texto bíblico
exige o uso do véu. Há um problema irreconciliável: A moralidade cristã X
costumes sociais. Quem prefere seguir os costumes sociais acredita que a Bíblia
está obsoleta, quem prefere seguir a moralidade cristã seguirá usando o véu.
Devo a Champlin a iluminação do meu entendimento sobre o uso do véu. Ele foi
sincero querendo nos dizer que: “Eu acho um mandamento obsoleto, mas que a
Bíblia manda as mulheres usar o véu, manda.” Vamos a mais esta pérola:
“O caso daquelas crentes que haviam
exagerado em sua emancipação feminina, e que é exatamente a atitude aqui
condenada pelo apóstolo. Por conseguinte, se
não estamos obedecendo a esse mandamento, devemos estar alicerçados no
argumento de que os costumes sociais, tendo sido radicalmente alterados, têm
tornado «obsoletas» e «ultrapassadas» essas práticas. Esta passagem
ilustra o perene problema da relação que há entre os costumes sociais e a moralidade cristã. Paulo escreveu
aqui do ponto de vista de um rabino, como representante da antiga cultura
judaica. Porventura tais costumes continuariam sendo obrigatórios para nós,
hoje em dia, quando as coisas são tão radicalmente diferentes, em aspectos como
o vestuário, e sobretudo no que tange à nossa ideia acerca da posição da
mulher? Este comentador acredita que visto que os costumes sociais mudaram, as
exigências deste texto também mudaram. A ordem divina dos poderes, de
hierarquias, de quem deve estar sujeito a quem (ver o terceiro versículo), pode
ser mantida sem os sinais antigos e externos, como, por exemplo, o véu. Paulo
apela para a natureza, em defesa do uso dos «cabelos longos» pelas mulheres.
Este autor concorda com esse apelo. Seria apropriado, pois, na opinião deste
autor, se o véu fosse completamente esquecido como reminiscência do passado,
mas grandemente desejável que o uso de cabelos longos entre as mulheres
permanecesse. Ao assim dizermos, porém, temos de admitir que não é isso que o
texto sagrado nos ensina, embora isso talvez preserve o «âmago»» da questão. Não
obstante, posso perceber como esse apelo à natureza, em prol do uso de cabelos
longos pelas mulheres, poderia permanecer firme. Que cada crente satisfaça a
sua própria consciência sobre a questão, persuadindo sua esposa e sua igreja de
acordo com a mesma.”
Glorioso batismo na África acompanhado
por cristãs com véu.
SUBORDINAÇÃO TERRENA DA MULHER
Champlin explica que Paulo ao mandar as
mulheres usar o véu somente esta dizendo que no plano terrestre a mulher está
em posição inferior, na eternidade não haverá distinção entre homens e mulheres:
“A subordinação da mulher não se aplica
ao estado eterno. No que tange à questão do homem ser a imagem de Deus, e da
mulher ser a glória do homem, Paulo não fazia qualquer alusão à salvação eterna,
e nem ao estado final das coisas, e, sim, à ordem terrena das coisas. O N.T.
não faz qualquer distinção entre o destino eterno dos homens e das mulheres.
Ambos podem ser transformados segundo a imagem de Cristo, vindo assim a
participar da natureza divina. (Ver Gál. 3:28). Na pessoa de Jesus Cristo,
devido àquilo que ele faz em favor do homem na redenção, não há qualquer
diferença entre homem e mulher, entre escravo e livre, entre judeu e gentio.
Todas essas distinções terrenas, em Cristo Jesus, são completamente eliminadas.
Antes, todos os crentes, homens e mulheres, são filhos de Deus (ver Gál. 3:26),
dotados de glória e estatura potencialmente igual. O fato de alguém ser uma
mulher não será obstáculo algum no estado eterno, e nem serve agora de empecilho
ao seu progresso espiritual. E qualquer subordinação a que a mulher seja posta
neste mundo, não será transferida para os lugares celestiais, o lar final da
igreja. Para Paulo, entretanto, dentro desta esfera terrena, a mulher era a
cópia mais fraca da glória de Deus, o que era uma noção judaica perfeitamente
comum. Seja como for, não nos devemos esquecer que Paulo aqui expunha a posição
da mulher em relação ao homem, e não em relação a Deus. Como um fato
indiscutível, nas páginas do N.T., tanto homens como mulheres, isto é, a
humanidade inteira, aparecem como a glória de Deus, por ter sido criado o ser
humano segundo a imagem moral de Deus; e, através de Cristo, pode obter até
mesmo a glória da natureza divina e a verdadeira imortalidade, isto é, a vida necessária
e independente, o mesmo «tipo» de vida que Deus tem, e não meramente uma
existência sem fim. (Ver os trechos de João 5:25,26 e 6:57, quanto à exposição
desses conceitos). Compartilhar da natureza de Deus, participar da imagem de
Cristo, é receber a glória e a majestade de seu ser, bem como a sua herança
espiritual. (Ver Rom. 8:17). A essas modalidades de doutrina é que Paulo fazia
aqui alusão. A mulher reflete a glória de Deus, embora indiretamente, porquanto
reflete mais diretamente a glória do homem. Mas isso não deve ser compreendido
em sentido absoluto, como se a mulher não pudesse aproximar-se de Deus
diretamente. De fato, tem-se dado automaticamente à mulher uma posição
subordinada ao homem com base na ideia judaica sobre a posição inferior da
mulher, devido à observação que, quando da criação, a mulher foi formada da
costela de Adão, isto é, «da parte do homem» e também «para o homem». Porém,
Paulo não fala aqui essencialmente acerca da glória eterna, ainda que isso
fique implícito no fato que o homem é a glória de Deus; mas o apóstolo se
referia às questões terrenas, à questão da hierarquia de poderes e posição.”
Quando o véu começou a desaparecer das
igrejas...
PRIORIDADE DO HOMEM
Explicando o versículo oito Champlin
fala como Paulo baseia sua tese da prioridade do homem no fato do Deus ter
criado Adão primeiro do que Eva:
11:8:
Porque o homem não proveio da mulher, mas a mulher do homem;
“Paulo alude aqui à narrativa da
criação, em que foi retirada uma costela do homem a fim de formar a mulher.
(Ver Gên. 2:22). E daí Paulo extraiu a inferência da prioridade do homem. A
passagem de I Tim. 2:13 declara: «Porque primeiro foi formado Adão, depois
Eva». E essa declaração também subentende a posição secundária da mulher em
relação ao homem. Por essa razão também é que há instruções neotestamentarias
no sentido da mulher aprender em silêncio, com toda a sujeição, para jamais
usurpar a autoridade do homem e nem exercer domínio sobre ele, mas antes,
conservar-se em silêncio. (Ver I Tim. 2:11-13). Outrossim, foi a mulher, e não
o homem, que foi enganada pelo diabo; e isso significa que ela é menos digna de
confiança que o homem, como pessoa a ser investida de autoridade. (Ver I Tim.
2:14). Além disso, a narrativa do livro de Gênesis deixa claro que a mulher foi
criada para benefício do homem, e não o contrário; e daí é extraído um
argumento em favor da superioridade do homem (no nono versículo deste capítulo).
Esses diversos fatores e argumentos ilustram a ordem hierárquica de poderes e
autoridades, bem como a propriedade da sujeição da mulher ao homem, e, por
conseguinte, quão apropriado é que a mulher use véu ao orar.”
Véu
fashion da moda islâmica. Nem todo véu é símbolo de modéstia.
SUBORDINAÇÃO DA MULHER DESDE A ORIGEM
Champlin cita os eruditos que não
acreditam na Bíblia como palavra de Deus, e são estes indivíduos que não
aceitam a subordinação da mulher com as bases teológicas defendidas por Paulo,
e o raciocínio de Paulo é que a mulher tem origem na costela do homem. Quem
acha esta história mito, também acha que a mulher não precisa usar o véu.
Champlim acha que Paulo citou a história de Adão e Eva como realidade histórica
e por isso fundamenta a tese da subordinação simbólica do véu. Quem aceita a
história de Adão e Eva, também deve aceitar o véu como ordenança:
11:9:
nem foi o homem criado por causa da mulher, mas sim, a mulher por causa do
homem.
“Nos
versículos oitavo e nono deste capítulo Paulo confirma e ilustra sua afirmativa
que a mulher é a «glória» do homem. Ela foi criada do homem e «para o homem».
Essa narrativa é totalmente inaceitável como literal, na opinião de muitos
eruditos bíblicos, os quais interpretam tais ideias como tentativas alegóricas
para descrever o que poderia ter sido a natureza da criação. Para alguns, a ideia
do emprego de uma costela, a fim de ser formada a mulher, não passa de um claro
mito primitivo, e bastante cru quanto à sua forma. Portanto, se a inferioridade
da mulher tiver de ser estabelecida, precisa isso ser feito com outras bases.
Embora Paulo tenha usado simbolicamente o A.T. por muitas vezes, conforme o
mostra o trecho de I Cor. 10:1, parece ter-se referido a esta narrativa do A.T.
como uma realidade histórica. O apóstolo se reporta aqui ao trecho de Gên.
2:18, onde o homem é apresentado como ser que já existia, tendo sido criada
subsequentemente a mulher a fim de ser-lhe ajudadora idônea. Por conseguinte, o
homem foi a «razão» pela qual a mulher foi criada; e desse modo Paulo mostra a
glória do homem, que é a «mulher», em que esta ocupa uma posição que lhe é
subordinada, por ser o homem a «glória de Deus». A subordinação da mulher se alicerça em sua
origem, porquanto ela veio à existência como ser subordinado ao homem, para
suplementar o homem, que já existia. No dizer de John Gill (in loc.), a mulher
foi criada «...para lhe servir de ajudadora, porquanto o homem já fora criado;
para servir-lhe de companheira e associada, tanto na sua adoração religiosa
como na sua vida civil; e para a procriação e educação dos filhos». (John Gill,
in loc.).”
VÉU E A RELAÇÃO DA TERRA COM O CÉU
11:10:
Portanto, a mulher deve trazer sobre a cabeça um sinal de submissão, por causa
dos anjos.
Com base nos argumentos anteriores,
Paulo agora estabelece ainda mais firmemente a sua afirmativa de que a mulher
crente deve usar o véu (naturalmente, quando ora ou profetiza, segundo se lê no
versículo quatro deste capítulo). A mulher é subordinada ao homem desde a
criação, tendo sido feita «do» homem e «para» o homem. Não usar uma mulher o
véu era sinal de desrespeito ao homem, na tentativa de ser igual a ele quanto
às vestes e aos costumes. Neste ponto Paulo acrescenta outra razão para a
necessidade do uso do véu pelas mulheres. Essa razão é a que diz: «...por causa
dos anjos...» Visto que Paulo não nos deixou qualquer explanação sobre essa
frase, naturalmente ela tem atraído diversas interpretações, a saber:
Igrejas
que obedecem a questão do véu, são repetidamente atacadas pelas demais igrejas
evangélicas como seitas. Quem está mesmo na heresia?
INTERPOLAÇÃO
1. A primeira interpretação, e que deve
ser rejeitada, é aquela que assevera que este versículo é uma glosa ou
interpolação, feita por escribas posteriores, como se não fosse de autoria
paulina. Não existe um único manuscrito que dê mostras de evidências em favor
dessa ideia; antes, todas as tradições textuais o preservam. E um interpolador
bem provavelmente teria o cuidado de deixar bem claro o que queria dizer.
Paulo, entretanto, parece ter suposto que os seus leitores estavam
familiarizados com a ideia aqui injetada, por mais escura que ela nos possa
parecer.
LÍDERES CRISTÃOS
2. Alguns supõem que o termo «.. .anjo...» (que
significa «mensageiro», no original grego), é novamente aqui usado para indicar
os «ministros da Palavra», os pastores (Ambrósio), os presbíteros (Efraem) ou o
clero em geral (Primásio). Provavelmente não era isso que Paulo queria dar a
entender aqui; e poucos eruditos modernos vêm qualquer razão nessa
interpretação.
DEMÔNIOS
3. Alguns estudiosos antigos, como
Tertuliano (De virg. vol. vii, xvii) acreditavam que estão em foco os «anjos
maus», e que os mesmos, observando mulheres sem véu, poderiam ser tentados a
algum ataque de natureza sexual. Em apoio a essa noção, ver Gên. 6:1,2;
Testamento dos Doze Patriarcas (Ruben v.6), Livro dos Jubileus (iv. 15,22) e
Teodoto (frag. 44). É noção antiga que os seres angelicais malignos possuem
funções sexuais, podendo ter relações sexuais com as mulheres. E ainda se
pensava que assim foram produzidos os gigantes ou outros seres estranhos entre
o gênero humano. Ainda que esse fosse o sentido de Gên. 6:1,2, e esse é um
aspecto intensamente disputado nessa passagem, tal ideia parece absurda, tendo
sido rejeitada por todos os intérpretes sãos. Outrossim, poder-se-ia perguntar:
«A única ocasião em que tais seres podem ser tentados a assaltar sexualmente as
mulheres é quando elas não estão de véu na igreja?» E também: «Tal tentação
pode ser afastada somente porque as mulheres usam um véu?» Essas indagações
parecem fatais para essa teoria, por mais bem confirmada que ela apareça na
literatura antiga, que testifica a existência de tal noção.
MENSAGEIROS MATRIMONIAIS
4. Alguns poucos eruditos pensam que os
«anjos», neste caso, se referem aos «deputados» ou mensageiros, nomeados para
procurarem esposas apropriadas para aqueles por quem eram contratados. Isso
envolvia um costume judaico, sendo usado o vocábulo «anjo» para indicar tais
pessoas; mas é altamente improvável que Paulo tenha feito um a alusão a tais
homens, mesmo que em seus dias esse costume ainda fosse prevalente, e mesmo que
tais homens costumassem frequentar as reuniões dos cristãos primitivos, a
procurarem esposas dignas para outros. (Quanto a esse costume do judaísmo ver
Mishnah Kidduchin, cap. 2, secção 1).
SANTOS ANJOS
5. A interpretação que tem recebido o
mais decidido apoio, e que quase certamente é a correta, é aquela que diz que
os anjos aqui referidos são os «anjos santos». Esses anjos se fariam presentes
quando das reuniões de adoração dos crentes, observando o que ali sucede,
aprendendo acerca do próprio Cristo, e, ao mesmo tempo, agindo como guardiães
da igreja. Seria uma ofensa, por conseguinte, que certas mulheres emancipadas,
não mais usassem seus véus. Isso seria contrário ao decoro que convém à igreja
cristã. E a afronta não seria apenas contra os homens que observassem tão
chocante ousadia da parte dessas mulheres, mas também contra os anjos que
viessem observar a reunião. A ideia de que os anjos mantêm tais contatos com os
homens, mormente nas suas reuniões de adoração, é uma tradição judaica bem
firmada, que foi transferida para o cristianismo. (Ver Sal. 138:1; I Cor. 4:9.
E a passagem de Heb. 1:14, quando diz que os anjos são «espíritos
ministradores», bem pode emprestar maior força a essa ideia). «Em I Cor 4:9 ele
‘Paulo’ alude aos ‘anjos’ como espectadores interessados na conduta dos servos
de Cristo; e em I Cor. 6:3 ele se refere a certos anjos que serão julgados
pelos santos... de muitas e variegadas maneiras esses exaltados seres são
associados ao reino terreno de Deus (ver Luc. 2:13; 12:8; 15:10; Atos i:10;
Heb. 1:14; 12:22 e ss., bem como muitíssimas passagens do livro de Apocalipse).
De conformidade com as crenças judaicas, os anjos aparecem como agentes da
outorga da lei, em Gál. 3:19 (Atos 7:53); e em Heb. 1:7 os anjos são identificados
com as forças da natureza. A mesma linha de pensamento vincula os anjos, no
presente versículo, com a manutenção das leis e limites impostos quando da
criação (comparar com Jó 38:7), e Paulo expressa a reverência devida aos tais
conforme o seu próprio estilo, nesta alusão». (Findlay, in loc.). «A casa de
oração é uma corte adornada com a presença de poderes celestiais; ali estamos
nós, cantando e entoando hinos a Deus, contando com os anjos entre nós, como
nossos associados; O apóstolo requereu tão grande cuidado, com relação à
decência, por causa da presença dos anjos». (Hooker, in loc.). «...por
causa...» Mui provavelmente essas palavras significam «para agradá-los», para
não ofendê-los com uma conduta indecorosa. Alguns estudiosos interpretam essa expressão
como se ela quisesse dizer «porque os anjos assim fazem», ou seja, na presença
do Senhor, cobrem os seus rostos (ver Isa. 6:2). E assim também as mulheres, ao
adorarem na presença de sua autoridade visível (o homem), devem cobrir a
cabeça. Mas essa interpretação, a despeito de ser interessante, é menos
provável do que a interpretação anterior.
Vários
tipos de coberturas: véus, capuz, lenços, chapéus. Havendo modéstia, acho que
estão cumprindo o mandamento.
VÉU - SÍMBOLO DE AUTORIDADE E SUBMISSÃO
Champlin segue interpretando o versículo
10, e ele nos comenta como o vocábulo grego empregado por Paulo fala do véu como um símbolo de autoridade do
homem sobre a mulher e ao mesmo tempo como um símbolo de submissão da mulher em
referência ao homem:
“«...trazer
véu na cabeça...» Essas palavras não são uma tradução, mas antes, uma
interpretação. O original grego diz, literalmente, «...essa é a razão por que
uma mulher deve ter poder (ou autoridade) sobre a sua cabeça...» O vocábulo
grego «eksousia» obviamente se refere ao véu; mas alguns eruditos sentem
dificuldade em compreender como o véu poderia ser chamado «poder», quando o
resto inteiro da passagem se refere ao véu como símbolo da ideia oposta, isto
é, da «sujeição». Mas o véu se torna símbolo da «autoridade» que o marido
exerce sobre a sua mulher, como também é símbolo de sua própria sujeição a ele.
E esse duplo simbolismo não é difícil de ser compreendido. Sir William Ramsay
apela para a prática moderna a fim de ilustrar este texto. Diz ele: «Nos países
orientais, o véu representa o poder, a honra e a dignidade da mulher. Com o véu
na cabeça ela pode ir em qualquer lugar, com toda a segurança e sob profundo
respeito. Ela não é notada; pois é sinal de maneiras as mais inconvenientes
observar uma mulher velada nas ruas. Ela está sozinha. O resto do povo ao seu
derredor como que não existe para ela, e nem ela para eles. Ela é suprema na
multidão... Mas, sem o véu, a mulher é como nada, que pode ser insultada por
qualquer um ... A autoridade e a dignidade de uma mulher desaparece quando ela
se desfaz do véu que tudo lhe cobre. Esse é o ponto de vista oriental, que
Paulo aprendeu em Tarso». (The Cities of St. Paulo, págs. 202 e ss.). A isso se
pode acrescentar os comentários desse mesmo autor, no prefácio desse seu livro:
«Quando da cerimônia do casamento, entre os hebreus, segundo a mesma é
observada na Palestina moderna, conforme fui informado, o marido arranca o véu
da noiva e o põe sobre os seus próprios ombros, como sinal de que ele assumiu
autoridade sobre ela». O véu usado pela mulher casada simboliza o fato que ela
tem um guardião e compartilha do poder de seu marido, o qual é seu guardião.
Portanto, ao usar o véu, a mulher é exaltada, porque isso é sinal de decoro
apropriado da parte dela, aludindo à proteção de que ela desfruta da parte de
seu marido, ou por parte do homem, que presumivelmente aparece como protetor da
dignidade feminina, quando a mulher ocupa o lugar que lhe convém. Variante
Textual: Em lugar da palavra supostamente difícil, «autoridade», a palavra
grega «kalumma» («véu», «coberta») aparece na Vulg (5) e na citação feita por
Valentiniani apud Ir, bem como nos escritos dos pais da igreja Hier e Aug. Mas
isso é obviamente uma substituição para um texto mais fácil, conforme era comum
os escribas fazerem. Trata-se de uma correta interpretação, embora não
represente o texto original deste versículo. «A própria subordinação de um sexo
a outro subentende uma mútua conexão entre eles, e não o isolamento de cada
sexo... A mulher não é independente do homem, e sim, dependente dele, ‘no
Senhor’, isto é, na economia cristã». (Shore, in loc.). Há uma maneira
admirável em que a natureza gentil, compassiva e até certo ponto infantil da
mulher suplementa a natureza agressiva, voluntariosa e às vezes dura do homem.
O homem necessita dessa suplementação, e a mulher necessita da maior força de
vontade e da determinação que é uma propriedade mais característica masculina.
Uma mulher agressiva é chamada «masculina». Um homem excessivamente flexível é
chamado de «feminino». Ambas são boas qualidades, mas devem ser apropriadamente
restringidas a quem de direito. (Quanto a uma discussão sobre a teoria das
«almas gêmeas», que salienta ainda mais essa interdependência entre homem e
mulher. Essa expressão significa «na economia cristã», «na esfera onde a
vontade de Deus é cumprida», «na esfera da comunhão mística com Cristo e em
Cristo», e certamente aqui significa «quando ambos são discípulos de Cristo,
ensinados por ele».”
INTERDEPENDÊNCIA
11.12:
pois, assim como a mulher veio do homem, assim também o homem nasce da mulher,
mas tudo vem de Deus.
Champlin interpretando o versículo 12
mostra que o machismo defendido por Paulo não pulveriza a mulher, colocando-a
em uma posição de imprestável. Ao contrário, o machismo bíblico enaltece a
mulher dizendo que ela é a “fábrica de homens”. Sem a existência da mulher a
humanidade é exterminada em uma geração! De maneira que, como cristãos devemos
combater piadas de mau gosto contra as mulheres, ou ideologias que defendem a
violência contra a mulher. O machismo bíblico obriga os homens a serem os
protetores das mulheres. Quando uma mulher usa o véu, todos os homens em volta
dela estão obrigados em protege-las e reverenciá-la de tal modo que não devem
se quer olhar maliciosamente para a
mesma. Admiro Champlin por sua interpretação autêntica das Escrituras, sem
torcer o sentido do texto, mas repudio sua crítica textual que se acha capaz de
dizer que Paulo não estava correto em sua forma de pensar sobre a submissão
feminina:
“A interdependência tão variegada, entre
homem e mulher, se baseia no fato que, na criação original, a mulher procedeu
do homem (argumento que aparece no oitavo versículo deste capítulo), mas então
o homem (mediante o nascimento físico) provém da mulher, ou seja, lhe deve a
vida. Esse fato básico subentende várias formas de interdependência, não
meramente no terreno físico, conforme se vê nas notas sobre o versículo
anterior. Por conseguinte, há certa glória e dignidade na maternidade, porquanto
permite que o plano de Deus relativo à humanidade entre em operação; e da vida
física aparece a vida espiritual, conforme vemos na transição de João 1:3,4,
onde a vida física é declarada como algo que procede de Cristo, porquanto a
vida (espiritual e física) está «nele», e essa vida (em seu aspecto espiritual)
é a «luz dos homens, o que indica a obtenção da «glória» na vida espiritual.
Ora, a mulher desempenha o seu papel nesse plano por servir de veículo da vida
física, o que não é algum a coisa sem importância na economia divina, além de
ser algo de que o homem depende para sua devida expressão nesta esfera terrena,
para que, nesse dom da vida física, ele possa aprender a progredir na direção
de Deus, espiritualmente falando. «...e tudo vem de Deus...» O homem e a mulher
dependem um do outro; mas, ao mesmo tempo, dependem de Deus em sua vida —tanto
a física como a espiritual— como também em todo o bem -estar, neste mundo e no
outro. A mulher, portanto, depende primariamente de Deus, e somente em segundo
lugar do homem; e outro tanto se pode dizer com relação ao homem. Deus criou o
universo físico a fim de incluir os corpos físicos, que servem de veículos do
progresso espiritual para o homem, que havia caído no pecado. Assim sendo, a
vida, em suas variegadas formas, existe pela bondade de Deus; e essa sua
bondade suprema leva-o a ser a autoridade legítima sobre todos os seres, além
de ser aquele a quem pertencem, afinal de contas, toda a bênção e toda a
glória. Existem fontes secundárias da vida física, o homem e a mulher, mas Deus
é quem é a fonte final de toda a vida, e, portanto, é a sua autoridade suprema.
A ordem de decoro, a autoridade relativa do homem e da mulher, também procedem
de Deus, e quase certamente faz parte do que Paulo queria dar a entender. Dessa
maneira, um homem não pode desprezar a mulher, e nem menosprezar a posição
dela; pois Deus é quem fez da mulher o que ela é, incluindo sua posição na
ordem natural das coisas; mas essa posição, quando é corretamente compreendida,
é exaltada. (Outros trechos bíblicos que indicam que o homem, a mulher e toda a
posição relativa deles dependem de Deus quanto à sua origem, são: I Cor. 15:27
e Efé. 5:23. Ver também Rom. 11:36 e II Cor. 5:18. Para Deus, o homem e a mulher
merecem respeito. Quanto a notas expositivas sobre a «vida necessária e
independente de Deus», que é oferecida à humanidade por intermédio de Jesus
Cristo, ver João 5:25, 26 e 6:57). Sim, todas as coisas pertencem a Deus. Paulo
reconhece haver no ser humano certa razão e intuição, por Deus haver conferido
aos homens essa faculdade. (Ver Rom. 1:19 e ss.; 3:8). O trecho de João 16:7-11
mostra-nos que a presença do Espírito Santo no mundo garante que os homens
poderão reconhecer certas realidades espirituais importantes. O Espírito de
Deus é testemunha dessas realidades, e influencia os homens na direção das
mesmas. Assim é que até mesmo os pagãos, que não possuíam a revelação da lei,
às vezes praticavam os preceitos da lei, porquanto tal lei se achava escrita em
seus corações e em suas mentes; e a sua consciência também dava testemunho
sobre a justiça ou injustiça das coisas. (Ver Rom. 2:14,15). Assim sendo, apesar
de Paulo haver apelado para a consciência social, para que os crentes de
Corinto julgassem o que é certo e o que é errado, o seu apelo vai mais longe do
que isso. Tal apelo procura tocar naquilo que a alma humana testifica para o
próprio indivíduo. Paulo tinha a esperança que os crentes de Corinto se
deixassem ensinar por ele (ver os versículos primeiro a décimo segundo deste
capítulo), se deixassem ensinar pelo seu próprio testemunho íntimo (ver este
versículo), e se deixassem ensinar pela natureza (ver o versículo seguinte), a fim de que assim reconhecessem o único
costume aceitável para a igreja cristã, a saber, o uso do véu pelas mulheres
crentes. «...ore...»,
particularmente ou em público, não querendo dar a entender isso que Paulo
permitia que uma mulher orasse ou ensinasse em público. O trecho de I Cor.
14:34 e ss. mostra-nos que o apóstolo dos gentios não concordava com isso. Se
porventura concordasse com isso, teria ido de encontro a toda a sua formação e
educação judaica, porque uma mulher a ensinar e orar em público teria sido
considerado uma grande abominação entre os judeus. (Comparar com o quinto
versículo deste capítulo, onde se lê que as mulheres podem orar e profetizar,
presumivelmente nos cultos públicos das igrejas cristãs). E não há razão alguma
para supormos que as mulheres crentes de Corinto não fizessem assim; mas o
décimo quarto capítulo desta epístola mostra-nos que Paulo não aprovava essa
conduta feminina. Não obstante, isso
não significa que Paulo, ao seguir os pontos de vista da erudição rabínica,
estivesse necessariamente correto em suas ideias sobre essa questão. O
baixo papel atribuído às mulheres, no judaísmo, havia criado muitas restrições
que parecem insensatas para as mentes modernas, no que diz respeito à posição
da mulher na sociedade e na igreja.
DEPOIS DE TODO ARGUMENTO AINDA É CONTRA
O VÉU?
10.13
Julgai entre vós mesmos: é decente que a mulher ore a Deus descoberta?
Champlin, interpretando Paulo, diz que
ele ao fazer a pergunta, espera obter a seguinte resposta: Desculpe Paulo pela
nossa rebeldia, verdadeiramente, seus argumentos nos convenceram que a mulher
deve orar decentemente com o véu na cabeça, você nos mostrou razões históricas,
culturais, teológicas, angelicais, hierárquicas que apontam para esta necessidade.
Discordo de Champlim quando fala que a noção do que é decoros deve ser baseado
nos costumes sociais, rejeito esta ideia. A noção do que é decoro deve ser
baseado na palavra de Deus. Quando Adão e Eva pecaram, ficaram nus, e fizeram
uns aventais tipo “minissaia”, e no padrão de decoroso para Deus, aquilo estava
errado e ele mesmo, o próprio Deus fez túnicas para cobri-los mais
descentemente. De maneira que os
missionários históricos do cristianismo ao chegar em tribos selvagens,
animalizada pelo pecado, os ensina a vestirem roupas, caso muito comum em
tribos indígenas do Brasil, África e Oceania.
“E
como se Paulo tivesse dito aqui: «Tenho exposto diversos argumentos que podeis
considerar. Mas penso que um julgamento pessoal tranquilo, de vossa parte, revelará
a mesma resposta a esta pergunta que tenho proposto. Tanto os costumes sociais
como as Escrituras têm demonstrado como é apropriado que a mulher use o véu
quando ora; e a razão confirma exatamente isso». Paulo faz duas perguntas (ver
este e o próximo versículo) a fim de confirmar o seu argumento. Primeiramente
ele apela para o senso de propriedade dos seus leitores, quando é séria e
tranquilamente investigado esse senso (ver o décimo terceiro versículo). E em
seguida apela para a propriedade demonstrada pela própria natureza (ver o
décimo quarto versículo), que cobriu a mulher com um «véu» natural, isto é, com
cabelos longos, mostrando assim quão decoroso e próprio é o uso do véu de pano.
«— julgai entre vós mesmos...», palavras que também podem ser traduzidas por
«...Julgai por vós mesmos...», com o sentido de «consultai a voz interior»
acerca dessa questão. Naturalmente que se precisa admitir que tais julgamentos
pessoais quase sempre se alicerçam, quase totalmente, se não mesmo
completamente, sobre os costumes sociais. Em
outras palavras, os costumes sociais é que determinam, quase sempre, quais
sejam as nossas noções sobre o que é decoroso quanto à maneira de nos
conduzirmos e vestirmos. Na cidade antiga de Corinto, tal influência só
poderia dar em resultado uma resposta: as mulheres precisam usar véu, se é que
são mulheres de respeito. Não era recomendável ali uma mulher imitar as
prostitutas ou adoradoras de determinados ritos pagãos, desfazendo-se do véu na
tentativa de emancipar-se e obter igualdade social com os homens. Sabemos que
as sacerdotisas pagãs também não usavam véu; e, em suas contorsões, seus
cabelos ficavam despenteados e desgrenhados. Ora, nenhuma mulher crente,
piedosa, desejaria imitar essa forma de conduta feminina. No grego, o verbo
«julgar» é «krino», que significa «separar», «distinguir», «discernir»,
«considerar», «decidir». Um exame preciso é subentendido. «...próprio...» Essa
palavra significa «apropriado», em face das circunstâncias, dos costumes
sociais, das ideias convencionais sobre o que é apropriado. Está em foco a
conduta que fica bem para as mulheres na sociedade em geral. Ora, o que era
próprio para uma prostituta ou para uma sacerdotisa pagã, não podia ser julgado
próprio para uma mulher crente piedosa, ainda que houvesse o maior exagero da
«liberdade cristã». De maneira geral, os homens gregos usavam cabelos curtos,
embora isso nem sempre ocorresse entre os hebreus (como no caso dos nazireus,
que não passavam navalha na cabeça). Contudo,
muitos gregos usavam cabelos compridos, incluindo os heróis gregos, e também os
filósofos, os mestres e os sábios. É bem possível que alguns dos leitores de
Paulo ficassem perplexos ante essa declaração, pois, apesar disso refletia um
costume geral entre os gregos, isso certamente não expressava o que era feito
por todos. Assim sendo, o uso de cabelos curtos pelos homens não era algo
firmemente baseado nos costumes sociais, embora o uso de cabelos longos
pelas mulheres tivesse sólidas bases nas convenções sociais, de maneira
universal. (Ver o versículo seguinte). Portanto, não é totalmente convincente o
argumento que diz que a natureza nos ensina; pois se a natureza realmente assim
nos ensinasse, ficaria subentendido que haveria poucas ou mesmo nenhuma exceção
a isso nos costumes sociais. Naturalmente, Paulo poderia estar fazendo um apelo
à «natureza» inteiramente à parte dos costumes sociais, o que, para ele, refletia necessariamente a maneira da natureza
operar, e a sua afirmação seria então: «Cabelos curtos para os homens;
cabelos longos para as mulheres». Contudo, os versículos décimo terceiro e
décimo quarto formam um par inseparável. O primeiro apela para o senso de
propriedade, com base nos costumes sociais, e o segundo apela à natureza,
presumivelmente confirmada pelos costumes sociais prevalentes. Seja como for, o
argumento de Paulo, tanto no que tange à natureza como no que concerne aos
costumes sociais, é sólido, ainda que não seja universalmente confirmado, e
ainda que não seja perfeito em qualquer sentido, e nem totalmente convincente.
O cristianismo supostamente respeita a «natureza», ao passo que o fanatismo a
desafia. A natureza presumivelmente toma suas formas. Os filósofos estóicos
baseavam sua filosofia moral inteira sobre a ideia que se deve «seguir a
natureza», a qual, para eles, era incapaz de haver erro, estando previamente
determinados todos os seus caminhos. Para esses, o argumento de Paulo teria
bastante valor. E é bem possível que Paulo houvesse formulado dessa maneira o
seu argumento a fim de atrair as simpatias dos filósofos que havia na igreja de
Corinto. Façamos aqui algumas considerações sobre a «natureza». A lei e a luz
da natureza se manifesta na razão e na intuição humanas, e isso é confirmado
pela sociedade em sua conduta diária. Homens de várias nações, nos tempos de
Paulo, usavam os cabelos compridos, como, por exemplo, os samaritanos e os
lacedemônios (uma das divisões raciais da Grécia), sem falarmos nos outros
gregos de épocas mais remotas, conforme a Ilíada de Homero o comprova, visto
que ele chama certos homens de «gregos de cabelos longos», «Aqueanos de cabelos
longos». A maioria dos comentadores concorda, entretanto, que ao tempo de Paulo
os judeus, exceto aqueles que faziam o voto do nazireado, usavam os cabelos
relativamente curtos. (Ver Núm. 6:5; II Sam. 14:26 e Atos 18:18, acerca do .
«voto do nazireado». A nota de sumário sobre essa questão aparece em Atos
18:18). Os gregos em geral usavam os cabelos curtos para os homens, e os
hebreus seguiam a mesma norma; e isso deve ter sido suficiente para Paulo
estabelecer esse ponto, embora não seja provável que ele tenha apelado para a
natureza inteira, à parte das evidências dos costumes sociais vigentes. Os
cabelos curtos para os homens certamente é um preceito calcado no pensamento de
que os cabelos longos formam uma espécie de véu natural (ver o versículo
seguinte). Por isso, um homem deve evitar usar cabelos longos, já que não deve
andar velado, pelas razões dadas na exposição relativa ao quarto versículo
deste capítulo.”
Mulheres
muçulmanas do Irã cederam costumes mundanos de praticarem esportes como
futebol, mas ainda resistem bravamente em usar o véu em público. Ainda que no
cristianismo o véu só é exigido quando oram e profetizam.
MULHER COM CABELO COMPRIDO – PADRÃO
CRISTÃO
11.15 Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é
honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu.
Champlin defende a doutrina bíblica
ensinada por Paulo. Crente que é crente usa cabelo comprido, não pode cortá-lo
curto!
“Paulo continua aqui a escrever sobre a
lição que a «natureza» nos ensina. No caso dos homens, a natureza, segundo era
refletido nos costumes sociais de diversas nações, nem sempre se mostrou
favorável ao uso de cabelos curtos pelos homens. Porém, no caso de mulheres,
havia um consenso universal acerca do que a natureza ensina quanto aos cabelos.
Ora, compete ao cristianismo respeitar a natureza, e não desconsiderá-la, como
sucede ao fanatismo. As mulheres só usavam cabelos curtos como sinal de luto,
como castigo devido ao adultério, etc., embora as prostitutas costumassem,
rapar o cabelo, talvez como sinal distintivo de sua profissão, tal como hoje
geralmente usam certas vestes, como sinal distintivo. No entanto, hoje em dia
uma prostituta não mais pode ser distinguida pela maneira como cuida de seus cabelos,
porquanto tornou generalizado o uso de cabelos curtos e penteados de inúmeras
maneiras. No entanto, pode ser identificada por suas calças compridas e blusas
exageradamente curtas e apertadas, como também pela sua aparência em geral. E
isso significa que ela se vestirá ao máximo, desde uma bolsa e uma sombrinha
estilizadas, mesmo que não esteja chovendo. Esses são os sinais através dos
quais ela faz propaganda. Nos dias de Paulo, as prostitutas se davam a conhecer
usando cabelos curtos. Ela fazia o que era contrário à natureza a fim de atrair
os homens a afagos que também são contrários à natureza. Ora, o apóstolo dos
gentios não queria que as mulheres crentes imitassem as prostitutas. Os
versículos quinto e sexto deste capítulo mostram-nos que é vergonhoso para uma
mulher ter os cabelos aparados ou rapados. O presente versículo ensina-nos que
é uma «glória» para a mulher ter seus cabelos longos. E é uma glória para ela
porque esse é o seu véu natural. E, conforme temos visto, o véu de pano que as
mulheres crentes devem usar quando oram ou profetizam, simboliza a sua posição
de subordinação ao homem, bem como a sua posição na hierarquia divina de
poderes, estando ela abaixo do homem. (Quanto ao princípio geral que introduz
toda esta secção, ver o terceiro versículo deste capítulo). No pensamento
paulino, assim sendo, era um ato de rebeldia uma mulher desfazer-se de seu véu
natural (os cabelos longos), além de ser algo contrário aos costumes sociais, à
natureza e à hierarquia divina das coisas. Quando assim fazia, uma mulher se
afastava de sua posição natural, na qual a sua glória se manifestava; pois quem
está deslocado não pode estar manifestando a sua glória. A mulher que se
conserva em seu lugar é uma glória para o homem, além de ser um louvor para
Deus, visto que ela mantém o lugar que lhe foi dado pelo Senhor, não
desobedecendo ela à ordenança divina. Ora, os cabelos longos simbolizam a
«legítima posição» da mulher, a sujeição em que ela está à autoridade de seu
marido, ou à autoridade do homem em geral. Ao falar em «...glória...» Paulo
também deu a entender que os cabelos compridos servem de belo enfeite para a
mulher, enfatizando a beleza natural que o Senhor deu a ela, conferindo-lhe
feições e traços mais finos, mais delicados, mais belos. Assim sendo, a mulher
que corta os cabelos, lança fora parte de sua beleza natural. Qualquer homem
(ou quase todos) concorda com isso plenamente. Os homens tradicionalmente são
maiores apreciadores de cabelos longos (até mesmo nos tempos modernos) do que
as mulheres; e isso por causa do senso de «beleza» física, embora Paulo
afirmasse que os homens agem assim por «instinto natural», e não meramente
porque uma mulher de cabelos compridos é mais agradável à vista masculina.”
CABELO EM LUGAR DO VÉU?
Champlin com simplicidade e erudição
mostra que além do cabelo, Paulo estava mandando as mulheres usar o véu, é uma
perversão modificar a palavra de Deus pra fazê-la se ajustar com as nossas
doutrinas. Algumas igrejas pregam que as mulheres devem ter o cabelo crescido e
que isto já basta, não sendo necessário usar véu.
«...em lugar de mantilha ...» Embora o
original grego permita essa tradução é uma grande perversão do texto sagrado
dizer que essas palavras significam que uma mulher não precisa mais de véu, se
porventura usa longos os seus cabelos. Pois ninguém pode ler o terceiro
versículo em diante desta passagem, onde Paulo tanto insiste sobre a
necessidade do uso do véu, de conformidade com a ordenança divina, com os
costumes sociais e com os ditames da natureza, para então lançar fora todo o
seu argumento, supondo que se uma mulher conservar longos os seus cabelos já
não precisará usar véu quando ora ou profetiza, sem incorrer em grave
incoerência. Porquanto tal conclusão será diametralmente oposta a todos os
argumentos anteriores de Paulo, transformando esse apóstolo em um insensato que
se contradiz consigo mesmo. Tal interpretação só pode ser aceitável para
aqueles que manuseiam desonestamente as Escrituras, procurando adaptá-las aos
seus pontos de vista e às suas práticas. Essas práticas ditam que a mulher «não
use o véu». Porém,
se tantas mulheres crentes não usam o véu, isso não pode estar firmado no que
Paulo diz aqui, e nem sobre a suposição que ele recomendava que bastava às
mulheres usarem os cabelos longos para não precisarem mais do véu.
«...em lugar de mantilha...» (Os cabelos
longos da mulher lhe servem de véu natural, pois lhe servem «em lugar de
mantilha»). Compreendendo Corretamente Este Texto: 1. Os cabelos longos servem
para a mulher de um véu natural; e por si mesmos declaram : «Estou sujeita ao
homem, especificamente a meu marido. Reconheço a minha subordinação». 2 . O véu
serve à mulher de véu secundário (artificial), que a mulher deve pôr sobre seus
cabelos como símbolo da mesma realidade representada pelos cabelos longos. Os cabelos longos da mulher requerem o
uso de um véu; não servem de substituto. Se o véu for retirado, a mulher terá
também de rapar os cabelos (ver o vs. 6). Seja usado o véu, e este
confirmará o significado dos cabelos longos. Os cabelos longos da mulher como
que «convidam» o uso do véu, porquanto as duas coisas encerram o mesmo
simbolismo.
O
véu bíblico é para cobrir a cabeça e não a mulher inteira como ensina os radicais
islâmicos. Chega a ser uma opressão, mulheres enterradas vivas dentro de
burkas.
AS
IGREJAS DE DEUS USAM VÉU
11:16:
Mas, te alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem tampouco
as igrejas de Deus.
Champlin
Este
versículo também tem sido torcido pelos intérpretes modernos, geralmente sem
erudição, a fim de lançar por terra todo o argumento de Paulo em favor do uso
de cabelos longos e de véu para as mulheres, como se esse apóstolo tivesse dito
que se um homem resolvesse levantar objeção por esse motivo, seria melhor
esquecer-se completamente da questão. Mas essa interpretação é inteiramente
estranha ao contexto inteiro. Paulo não haveria de escrever seus argumentos de
muitas facetas, em favor do uso de cabelos longos e do véu para as mulheres
crentes, somente para, depois de tudo, dizer que se encontrasse oposição a
isso, permitiria as igrejas locais fazerem como melhor lhes parecesse. Esse
tipo de interpretação se tem desenvolvido por causa de uma «necessidade moderna»,
que tenta fazer o apóstolo dizer o que queremos ouvir, mas que ignora o que
realmente ele ensinou. Essas palavras também podem ser traduzidas como segue:
«Se alguém se inclina para o debate, não reconhecemos qualquer outra prática, e
nem as igrejas de Deus» (RSV, aqui vertida para
o português). Ou então: «Porém, se alguém parece ser contencioso, ‘nós não
temos tal costume (conforme esse alguém propõe), e nem também as igrejas de
Deus». (Robertson e Plummer, in loc.). E a isso esses mesmos autores adicionam:
«Existem pessoas que gostam tanto de disputas que contestam até mesmo as
conclusões mais claras; e os coríntios apreciavam imensamente as disputas. Mas
o apóstolo não estava disposto a encorajá-los. Se isso pusesse em dúvida o
decoro e a natureza dessa questão, poder-se-ia dizer que os mestres não
permitiam que as mulheres crentes estivessem sem véu, algo nunca ouvido nas
congregações cristãs... O apelo final de Paulo, à prática de todas as
congregações, tinha um valor especial na tão democrática Corinto».
«... nós...», isto é, o próprio apóstolo
Paulo, os demais apóstolos, as igrejas cristãs locais e a sua liderança em
geral. «A alusão às igrejas de Deus se reveste de grande ênfase, como um ponto
decisivo para a solução dessa pendência, ficando abafada qualquer tentativa de
contenda. Poder-se-ia dizer que temos aqui um genuíno elemento católico, posto
em oposição ao particularismo dotado de opiniões próprias». (Kling, in loc.).
«.. .se alguém quer ser...', isto é, se alguém pensa ser próprio, se alguém
assim preferir, depois de todos os meus argumentos, ainda assim contender; se
alguém pensa que está com a ‘razão’, há aqui a reprovação da atitude de auto-suficiência
e espírito contencioso em Corinto (I Cor. 1:20). Não temos tal costume, como o
de mulheres a orarem sem ‘véu’... e nem as igrejas. O uso universal não é um
teste infalível da ‘verdade’, mas é um teste geral da ‘decência’». (Faucett, in
loc.). «...contencioso...» No grego temos a palavra «philoneikia», que se
deriva dos vocábulos «phileo», gostar, e «neikos», querela, contenda. Os
crentes de Corinto se inclinavam para a fraqueza desse tipo de pecado, conforme
nos mostram os primeiros capítulos desta epístola.”
Glória a Deus pelo texto.
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