domingo, 19 de julio de 2015

DESCULPAS PARA NÃO USAR O VÉU

Escriba Valdemir publica livro COMPÊNDIO TEOLÓGICO SOBRE O VÉU. Mais de 300 páginas na qual argumenta sobre o mandamento das mulheres usarem véu. (amazon.com, clubedeautores.com.br e outras livrarias virtuais)

(Parte do livro)
DESCULPAS PARA NÃO USAR O VÉU
Segue-se uma coleção melancólica e desonesta de argumentos mirabolantes para justificar a desobediência das igrejas modernas ao texto de I Coríntios 11.2-16.

ARTIFÍCIOS HERMENÊUTICOS
Muitas igrejas evangélicas para não submeter-se ao mandamento do véu, usa de artifícios hermenêuticos para desdizer o que Paulo disse, dizendo o que ele não disse. Entendeu? Das artimanhas que usam para interpretar o texto de I Coríntios 11 podemos citar algumas: Dizem que Paulo estava dando um mandamento local, outros dizem que o cabelo substitui o véu, outros falam que o uso do véu era só para diferenciar das prostitutas (mas o texto não fala nada disso). Quando Paulo fala que o uso do véu está relacionado com a ordem da criação em que o homem foi feito primeiro que a mulher, usam do artifício em citar que homens e mulheres são iguais diante de Cristo, o que é uma verdade, mas em questão de hierarquia, a mulher deve ser submissa ao homem, simbolizada tal submissão pelo uso do véu. Vários jogos de palavras são formulados para desdizer o texto sagrado. Sobre isso o Dr. Fabiano Antonio Ferreira fala em um artigo publicado, dizendo o seguinte: “Às vezes fico pensando o que seria de nós se não tivéssemos em mãos a Palavra de Deus, e se esta Palavra não possuísse esses registros sagrados acerca da Igreja em Corinto. Essa igreja, aliás, como retratada nas duas epístolas de Paulo endereçadas a ela, é a chave para entendermos grande parte dos problemas que ocorrem hoje em dia na igreja evangélica. Do divisionismo ao feminismo, do intelectualismo árido à pseudo-espiritualidade, do liberalismo esquálido ao fundamentalismo infecundo, passando pelo legalismo causticante e pela hedionda carnalidade exacerbada, enfim, todas as nuanças de problemas que o evangelicalismo contemporâneo enfrenta podem ser identificadas, mesmo que embrionariamente, na Igreja de Corinto. Contudo, o que a grande maioria de nós, evangélicos, precisa reconhecer é que os problemas tratados ali naquela igreja incipiente não são para ser repetidos, mas para que nós fiquemos com a solução provida por Deus através da autoridade apostólica. Lamentavelmente, a despeito de todas as instruções de que dispomos, emulamos prazerosamente o modo coríntio de ser igreja, como se aquela vivência deformada de igreja com suas caricaturas de espiritualidade fosse o nosso paradigma! Estamos aí, após tantos séculos, aplaudindo e justificando nossas divisões com artifícios hermenêuticos e exegéticos que corariam e, por certo, irritariam os apóstolos, caso eles pudessem se pronunciar. Aduzamos apenas três diretrizes hermenêuticas bíblicas que nos permitirão consolidar nossa inequívoca conclusão de que o véu para a adoração das servas de Deus é uma questão contemporânea, se é que admitimos que a Bíblia é a Palavra de Deus inspirada, autoritativa e normativa.”



PENTEADO MODESTO SUBSTITUI O VÉU
É lamentável a desonestidade intelectual de certos intérpretes que devem criar argumentos para justificar o porquê de suas denominações não exigirem o véu nas mulheres. O Dicionário Bíblico Wicliffe, publicado pela Casa Publicadora das Assembleias de Deus na página 2009 trás a seguinte explanação no capítulo que aborda o véu:
“Portanto, o ensino de Paulo, de que a mulher deve cobrir a cabeça, está referindo-se a um estilo propriamente feminino de usar o cabelo e não a um véu ou cobertura de cabeça. Um penteado feminino modesto é sinal de que a esposa cristã é submissa à autoridade do marido. Essa conclusão parece concordar com a afirmação de Paulo feita em sentido figurado de que todo cristão deve olhar para a glória do Senhor com a cara descoberta ( II Cor 3.18)”
Penteado não serve como véu...
Quem lê honestamente o texto de I Coríntios 11.2-16 e o compara com esta conclusão do autor deste artigo do Dicionário Wicliffe não pode ser tão cego a ponto de concordar com uma estapafúrdia conclusão desta. Se quer o texto cita a expressão “penteado”. Já repetimos em outra oportunidade que o versículo 15 quando diz: “O cabelo foi dado em lugar do véu”, a melhor tradução é: “o cabelo foi dado como contra véu, ou em conformidade com o véu.” Como a Assembleia de Deus no Brasil não obedece ao mandamento quanto ao véu é coerente que suas publicações tentem justificar a negligência.
 I CORÍNTIOS 11.2-16 É UMA INTERPOLAÇÃO
Outro devaneio dos que não querem se sujeitar a Palavra de Deus foi inventar e disseminar o boato que este texto de I Coríntios foi acrescentado posteriormente para introduzir o costume do véu na igreja.
Enquanto a autoria dessa carta é quase unanimemente atribuída a Paulo de Tarso, o trecho acima (I Coríntios 11.1-16), entretanto, é considerado por diversos estudiosos bíblicos como uma adição posterior, contemporânea das epístolas pastorais, por ter estilo e doutrina em geral divergentes do defendido em outros trechos atribuídos a Paulo. (Wikipédia)
Estes ditos estudiosos bíblicos são desonestos, pois jogam ao vento uma mentira sem fundamento histórico, pois todos os manuscritos antigos da primeira Epístola de Paulo aos Coríntios possuem este texto. Não há nenhuma evidência histórica que justifique este argumento da interpolação.
O VÉU ERA SÓ PARA OS CORÍNTIOS
Outros dizem que este capítulo foi algo escrito só para as mulheres daquela época, na cultura de Corinto e que já não tem vigência. Talvez eles poderiam dizer o mesmo da última parte do capítulo que fala da santa Ceia? Ademais, ao começar esta epístola Paulo ao se dirigir aos coríntios diz: "à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para serem santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo" (I Coríntios 1.2). Isto inclui a todos os crentes de todas as épocas e de todas as culturas. Notemos também que todas as evidências citadas por Paulo que apoiam o uso do véu (vv. 8–16) são coisas que tocam igualmente às mulheres de qualquer época e qualquer cultura: a hierarquia divina, a criação, os anjos, e a natureza. São coisas que não mudam, não importa o século nem o lugar.
SÓ PARA MULHERES CASADAS
Alguns falsificadores da Palavra de Deus dizem que o véu foi determinado por Paulo apenas as mulheres casadas e assim mesmo somente tendo validade para aquela época, um destes disse:
A princípio, eu elimino a suposição de que as mulheres devem usar o véu por causa dos homens em geral, o texto não faz menção que seria por causa deles, mas apenas por causa dos maridos. (http://christoskurios.canalblog.com/archives/2013/06/29/27534357.html)
Examinando o texto de I Coríntios 11.3-16, fica claro que Paulo se refere ao homem em geral e não ao marido, quando o apóstolo diz: Deus é o cabeça de Cristo, Cristo é o cabeça do homem e o homem o cabeça da mulher (v. 3), também Paulo fala que a mulher deve usar o véu porque o homem foi criado primeiro e a mulher criada depois, e ainda com o propósito de ser uma ajudante do homem (v. 8-9). Os argumentos paulinos vão muito além de apenas uma questão matrimonial e familiar.  Por fim, Paulo usou o termo mulher e não esposa, quando se refere que elas devem usar o véu.
Pintura de 1898 – Mikhail Nesterov.

A IGREJA TEM PODER DE ABDICAR DO VÉU
Uma das desculpas mais repugnantes que tenho ouvido é que a igreja pode decidir se ela vai ou não adotar o véu. Se ela adotar o costume do véu, as cristãs são obrigadas a usar, sob pena de desobediência, mas se a igreja não determinar o uso do véu, as irmãs estão livres para assistir o culto sem o véu. Esta heresia se assenta sobre a falsa interpretação desta passagem bíblica:
"E eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus."  (Mateus 16.19)
Esta interpretação das palavras de Jesus tem sido usada por homens mal intencionados que querem criar doutrinas de acordo com suas vontades. Pois qualquer pessoa sensata sabe que Jesus não está dando poder para a igreja decidir o que é certo e o que é errado, o que é pecado e o que não é pecado. Estas coisas aprendemos que quem decide é Deus, e isso ele nos revelou por sua palavra e pelo Espírito Santo. No texto acima Jesus está dando a igreja poder para decidir sobre a administração e a condução das atividades da igreja na terra, como por exemplo: Se a igreja resolver mandar um missionário para uma determinada região, Jesus está dizendo que o que eles decidirem quanto a isso, Deus concordará e apoiará a decisão da igreja. Outro exemplo é sobre os dias e horários de culto, as Escrituras não estipulam dias e horários, mas Jesus dá autonomia para a igreja decidir sobre questões cotidianas, assim, o que a igreja decidir na terra, Deus concordará no céu. Seria absurdo e um contrassenso a igreja decidir o que ela acha que é certo ou errado com respeito a doutrina e aos costumes e hábitos cristãos quando a Palavra de Deus já determinou qual é a vontade de Deus. Portanto não tem validade a decisão da igreja que aprova divórcio, casamento misto, aborto, sexo livre, homossexualismo e tantas outras aberrações que temos visto as igrejas permitirem aos membros praticarem sob alegação que eles decidiram na terra e por isso será concordado por Deus. Se Deus determinou o uso do véu pelas cristãs quando oram ou profetizam, ninguém tem autonomia para revogar a ordem de Deus. Os evangélicos criticam a Igreja Católica e não aceitam a infalibilidade papal em questão de doutrina, entretanto, muitos se revestem de uma pseudo-autoridade de decidir em questão de doutrina, sem levar em conta o que já está determinado pela Palavra de Deus. Aliás, talvez a única desculpa plausível para não usarem o véu no culto é justamente porque o mandamento fala em cobrir a cabeça quando oram e profetizam. Acontece que em muitas igrejas por ai, o momento de oração é ridículo, falam algumas palavrinhas baixinho e pronto, dizem que já oraram.  O Diabo deve ficar contente com estas liturgias sem contato com Deus, orações mortas que duram alguns segundos. O resto é preenchido com show gospel, mais gente querendo se aparecer aos outros do que se aparecer para Deus. Bem, os cultos não tem oração e também tenho visto que as profecias estão extintas em muitas igrejas. Assim justifica-se mesmo o fato de não usarem o véu: Não oram, não profetizam, para que usar o véu? Deixou uma pergunta: Se não nos reunirmos para orar e para manifestação do Espírito Santo pelos dons espirituais, estão se reunindo para que?
USA VÉU, MAS VIVE NO PECADO
Uma desculpa recorrente dos rebeldes quanto à ordenança do véu é o ataque moral que fazem apontando os erros e pecados das mulheres que usam véu. E dizem: “Que adianta usar o véu e está em adultério”, ou “usa véu na cabeça, devida coloca-lo entre as pernas.” Outros ainda atacam dizendo: “devia colocar o véu na boca para vê se para de falar da vida dos outros.”
Estes argumentos não são válidos: Apontar os erros dos outros para justificar os seus erros não é método argumentativo conveniente ao cristão. De fato adultério é muito mais ofensivo do que não usar o véu. Matar alguém é muito mais ofensivo do que não usar o véu. Contudo quem não está disposto a obedecer aos mandamentos de menor importância também peca contra Deus. E nós estamos buscando servir ao Senhor completamente. É muito mais fácil colocar um véu na cabeça do que conter a língua e não falar mal dos outros. Agora se a pessoa não está disposta a colocar um véu na cabeça que é algo tão fácil, parece incoerente que esteja disposto a obedecer outros mandamentos que exigem mais resistência à tentação. Repito, ficar procurando defeito na vida do intercolutor para desmerecer os argumentos apresentados não é um método ético de vencer um debate. Demonstre pela Bíblia que o uso do véu não é uma ordenança para as cristãs? Ficar apontando o pecado do próximo, os erros da vida alheia é típico de mente pequena, sem capacidade argumentativa, método altamente empregado pelo Diabo:
...porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. (Apocalipse 12.10)
A maioria das igrejas evangélicas faz de conta que I Coríntios 11.2-16 não existe, e não usam o véu.
Uma coisa é cair no pecado (adultério), outra coisa é defender o pecado como estilo de vida aceitável (não usar o véu). Na vida já encontrei muitos cristãos que cometeram adultério e fornicação e se entristeceram e se arrependeram. Mas é difícil encontrar quem assiste o culto sem o véu e demonstre arrependimento. Pecar, todos estão fadados a cair, para isso tem o remédio do arrependimento. Mas contra o coração altivo e rebelde que não demonstra temor em obedecer aos mais pequenos mandamentos não sei se há cura...
Não atire a pedra em quem usa véu e pecou, porque você certamente também tem seus pecados e ainda para piorar não usa o véu....
e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela. (João 8.7)

USAR O VÉU É LEGALISMO RELIGIOSO
Na esteira dos argumentos para não obedecer à ordem divina, os líderes cristãos que querem agradar os movimentos feministas alegam que o uso do véu é legalismo, é criar regras desnecessárias para adorar a Deus. E citam com convicção e de boca cheia as palavras de Jesus:
 23  Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. 24  Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade. (João 4.23-24)
O que é adorar em espírito e verdade?
O contexto desta frase de Jesus revela que a mulher samaritana discutia com Jesus a questão aonde se deve adorar a Deus, se em Samaria como defendia os samaritanos ou em Jerusalém, como defendia os judeus. Jesus respondeu que não importa o local físico onde se adora a Deus, na dispensação da graça, Deus procura aqueles que estão com o espírito voltado a adorá-lo. Portanto, adorar em espírito é adorar com intensidade, com o coração voltado exclusivamente para Deus. Quando alguém demonstra grande devoção a uma causa costumamos dizer que ela entrou na causa “de corpo e alma”. Adorar em espírito é adorar com todo o coração. Quanto a adorar em verdade, significa adorar sem fingimento, sem hipocrisia. Querendo mesmo fazer as coisas do jeito que Deus quer. Neste ponto a mulher que adora sem o véu na cabeça não está adorando completamente na verdade. Pode ser que algumas não usam o véu por ignorância, mas outras não usam o véu por rebeldia mesmo, não querem colocar sobre a cabeça um símbolo de submissão.
O que é legalismo? Legalismo é criar excessivamente regras minuciosas na prática de rituais e no cumprimento de ordenanças e mandamentos divinos. Estipular regras em cima dos mandamentos, tornando-os difíceis de serem postos em prática é legalismo. Mulheres que usam o véu quando oram ou profetizam não é legalismo porque é isso que é ordenando em I Coríntios 11. Torna-se legalismo se passarmos a determinar o tipo de tecido que pode ou que não pode ser confeccionado o véu, legalismo é se determinarmos a medida mínima do véu, dando a largura e comprimento válido. Legalismo é determinar as cores permitidas.
Legalismo é criar regras excessivas que devem ser observadas de forma ritualísticas. Cobrir-se com véu é mandamento, somente mandamento...
O povo simples sempre usou o véu com resignação, mas as “peruas” vaidosas do cristianismo moderno se recusam a usar o véu. Se o pastor exigir, elas resolvem a questão, simplesmente mudando para uma igreja segundo as suas vontades.

O VÉU E AS PROSTITUTAS
Os que não querem obedecer torcem as Escrituras e dizem que o véu era usado pelas mulheres cristãs apenas para diferencia-las das prostitutas culturais que havia em Corinto.
Quem usa o argumento acima não está pautado na Bíblia, porque Paulo em nenhum momento fala que esta é a razão das mulheres usarem o véu na igreja. Pelo contrário um dos argumentos do apóstolo Paulo é que as mulheres devem usar o véu por causa dos anjos (v. 10) e não por causa das prostitutas. Pense nisso...
Não obstante, na cidade de Corinto, as prostitutas não usavam véu, e as escravas e as adúlteras raspavam a cabeça. Este pano de fundo da cultural local não é a base da doutrina, mas quando Paulo fala que a mulher que não usa o véu é semelhante as prostitutas e adúlteras. O uso do véu transcende o contexto cultural grego e deve ser usado pelas cristãs pelas razões espirituais e não somente por causa do contexto cultural da época. Mulher sem véu e com a cabeça raspada não é mais confundida pela sociedade como sendo prostituta ou adúltera, mas não usar o véu desrespeita todos os princípios espirituais elencados no texto paulino.
COSTUMES SOCIAIS E A TEOLOGIA DO VÉU

O doutor Fabiano Antônio Ferreira escreveu um extenso artigo em defesa do uso do véu, dando diversas razões porque o véu é uma questão de teologia e não somente de um costume social, como querem entender os que não querem obedecer: “De fato, o que não podemos olvidar ou deixar de perceber é que o apóstolo Paulo, ao tratar da questão do uso do véu, em nenhum momento o faz com base em costumes sociais, porém, como o Dr. Charles Ryrie asseverou com toda a lucidez na Bíblia Anotada, nas notas sobre esta passagem de 1Co 11.2-16, p. 1446: “As mulheres deveriam trazer sua cabeça coberta, ou usar um véu nas reuniões da Igreja, e os homens deveriam ter a cabeça descoberta. As razões de Paulo eram baseadas em teologia (hierarquia na criação, v. 3), na ordem na criação (vv. 7-9), e na presença de anjos nas reuniões da igreja (v. 10). “Nenhuma destas razões estavam baseadas em costumes sociais da época”. Deste modo, percebemos que o apóstolo Paulo procedeu a uma total ressemantização desse costume cultural, quer dizer, por revelação divina o apóstolo confere ao véu das mulheres uma significação completamente nova e ele imprime nele traços jamais divisados anteriormente por nenhum outro escritor, profano ou sagrado, de tal modo que ocorre o esvaziamento de quaisquer traços culturais, locais e temporais anteriores, a ponto de ocorrer uma ruptura semântica definitiva com quase tudo quanto o mesmo viesse a significar antes, e um revestimento de novos traços, com os quais ele entra no cânon sagrado. É óbvio que, olhando pela perspectiva da Teologia Bíblica, tal fato se justifica por estar em consonância com o caráter progressivo da história da revelação divina e pela seletividade divinamente orientada do que deveria constar do cânon sagrado. Assim, o Apóstolo dos Gentios vai muito além de si próprio, nas mãos do Espírito Santo, quando reanalisa a questão do véu, de forma a refundamentá-la em bases bíblico-teológicas completamente surpreendentes, apelando para o bom senso e, inusitadamente, atrelando-a, no clímax de seus argumentos, à presença dos anjos nas reuniões da igreja. É relevante destacarmos que, a partir dessas reanálises e refundamentações, quando o apóstolo Paulo revisita a questão do véu por inspiração divina e o ressemantiza do modo como lemos no texto em apreço, esvaem-se todos os argumentos a favor da pressuposição de que haja no NT doutrinas oriundas de condicionamentos culturais, locais e temporais. Por conseguinte, o véu das mulheres de 1 Co 11:2-16, embora fosse antes apenas um costume da época e da cultura dos tempos do NT, após revisitação, reanálise e refundamentação bíblico-teológica ou, em outras palavras, após sua ressemantização divina na instrumentalidade do apóstolo Paulo, passa a possuir um mais amplo sentido e a incorporar traços distintivos divinamente revelados, no momento e no lugar exatos da história da revelação, que o tornam supratópico, supracultural e supratemporal.[8] Somente a parussia (segunda vinda de Cristo) eliminará a necessidade do uso do véu por parte das mulheres cristãs quando da adoração, quando oram ou profetizam.”

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